sexta-feira, 12 de junho de 2009

Empalamento Psicológico Infantil

Coloquei-me a pensar com uma notícia que li hoje. Devido a reclamação de um pai de aluno da rede pública de ensino, o livro didático de História da "Coleção Projeto Pitanguá", da Editora Moderna, está sendo tirado de circulação. Motivo: No referido livro há uma imagem de empalamento indígena. Na cena do francês Theodore de Bry, do século XVI, alunos do 4º ano do Ensino Fundamental veem um indígena aprisionado de bruços e uma índia introduzindo no ânus dele uma estaca aguda. O empalamento foi utilizado em diferentes tempos e culturas. Os vikings, na Idade Antiga, quando desceram a escandinávia em busca de terras e melhores condições de vida para sua civilização que muito crescia utilizou o empalamento e com isso intimidava previamente as populações de terras ainda não invadidas. A prática de tortura e pena também foi utilizada no Brasil pelo cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, vulgo "Lampião".
Tudo bem. A cena é deveras forte e eu quero deixar bem claro que até acho inadequado para uma criança de 4ª série lidar didaticamente com uma imagem de tortura sacrifical tão forte, mas a sala de aula é o único lugar em que a violência alcança as crianças? Outra pergunta: Os pais que consideram imprópria tal imagem permitem que seus filhos vejam(por exemplo) desenhos animados? Bem sabemos que o que se disponibiliza para as nossas crianças na televisão tem se resumido em violência de vários tipos. Nesses desenhos "animadíssimos" vemos corrupção, mentira, contra-cultura, apego a coisas materiais e muito, muito, mas muito sangue. De tal maneira que, sem dúvida, as crianças, adolescentes e jovens crescem acostumados, adequados a essa realidade nua e crua, mas também fantasiada, da violência e outras mazelas atingíveis pelo psicológico. Também pode-se afirmar sem medo de errar que isso muito contrubui para uma sociedade ainda mais violenta e desestruturada a curto, médio e longo prazos. A banalização da violência na televisão acarreta não apenas mais violência para o cotidiano das sociedades presentes e futuras, mas também amedronta, assusta, tal qual faziam os vikings nos tempos antigos.


Na verdade isso não é nada novo. Tom & Jerry, Pica Pau, Zé Colméia e outros desenhos mais antigos também exibem cenas de violência recorrentemente. Mas o que vigora hoje são os desenhos explosivos, ricos em ponta-pés fatais, poderes atômicos, com monstros de outro mundo e com cara de poucos amigos. É claro que nem todos que assistem esses desenhos são ou serão assassinos em potencial, mas a ambientação com a violência não pode gerar frutos positivos, não é verdade? Como não sou radical, penso que é preciso moderação no uso da televisão, sobretudo para as crianças.

Enfim, é uma grande verdade que a violência tem chegado aos lares através desse maravilhoso instrumento chamado televisão. No entanto, cuidado! ou qualquer dia você chegar em casa e encontrar a estante onde fica a sua TV cheia de sangue...